Há recomendações que considero importantes para quem dá os primeiros passos nos mercados. Mas há outras que são dirigidas a quem já negoceia há algum tempo mas ainda não atingiu a maturidade como investidor. São algumas reflexões sobre estas últimas que vão merecer a minha atenção hoje.Não há uma solução mágica para triunfar no mercado. Muitos investidores vivem obcecados por encontrar o “Holy Grail” que lhes irá fazer ganhar muito dinheiro nos mercados. Mas, enquanto andam preocupados em descobrir essa fórmula milagrosa, esquecem-se que não há soluções perfeitas e que é no controlo das nossas próprias emoções que está a chave para o sucesso.Procure a emoção e a adrenalina noutro lugar. Muitos olham para a Bolsa como uma forma de entretenimento e excitação, de forma a poderem obter prazer pela adrenalina envolvida neste mundo. Não lhes nego esse direito. Contudo, já que – muitas vezes inconscientemente – esse acaba por ser o seu objectivo primordial, fá-los tomar decisões que prejudicam a sua carteira. Se quer emoção e adrenalina, compre uma consola, vá até a uma feira de diversões ou até um casino. Na Bolsa, o preço do bilhete pode vir a ser demasiado caro.Não feche os olhos aos sinais de aviso. Quando sofremos uma perda muito pesada, quase sempre é antecedido de um sinal de perigo fornecido pelo mercado. No entanto, fechamos os olhos a esse sinal, tal a vontade que temos em que a nossa posição tenha sucesso e nem nos apercebemos que o barco se está afundar e que talvez o melhor seja mesmo pegar no colete salva vidas!Avalie a sua corretora. Muitas vezes, a inércia faz com que não mudemos de corretora. Só no final do ano, quando fazemos as contas ao total de comissões pagas ou ao número de vezes que a ineficiência da nossa corretora nos prejudicou, é que pensamos em quão decisivo é termos a melhor corretora no que diz respeito à relação eficiência/preço. E se chegar à conclusão que outra corretora lhe proporcionará melhores condições, diga isso à sua corretora e, algumas vezes, terá a surpresa de ver as suas comissões serem reduzidas…Nunca transforme um negócio de curto prazo num negócio de longo prazo. É óbvio que existem excepções, mas a maior parte das vezes em que um investidor decide transformar um “trade” de curto prazo num investimento de longo prazo é sinal que as coisas correram mal e, ao invés de cortar as perdas, o investidor está a tentar fechar os olhos e não assumir o erro, alterando o horizonte temporal como subterfúgio.Corte as suas perdas e deixe correr os ganhos. Bem sei que este é um tema recorrente nos meus escritos, mas não consigo deixar de lhe fazer referência dado o seu carácter decisivo para o sucesso de cada investidor. Bem sei que custa deixar correr os ganhos quando a tentação de realizar mais valias e ficarmos orgulhosos é grande. Bem sei que cortar as perdas e assumir que cometemos um erro não é fácil. Mas também sei que só aplicando esta regra podemos ter sucesso. O que prefere? Acertar o dobro das vezes que erra e perder dinheiro ou errar mais vezes do que acerta e ganhar bastante dinheiro?Disciplina. Disciplina. Disciplina. Já é um lugar comum em quaisquer artigos sobre mercados financeiros recordar que é essencial ser-se disciplinado. Há uns anos atrás privei com um dos mais brilhantes analistas que já conheci. Era simplesmente fantástico na forma como traçava os cenários e as hipotéticas reacções do mercado. Mas foi sempre um “trader” falhado pois, no calor do momento, acabava por contrariar tudo aquilo que tinha planeado e a emoção ganhava a batalha à disciplina. Aproveite ao máximo os seus bons momentos e pare nas alturas más. Muitas vezes os investidores assemelham-se aos mercados – quando estão num bom momento, tudo parece correr bem; quando estão numa má fase, tudo parece descarrilar. Há alturas em que os investidores estão com a “mão quente” e tudo o que tocam parece transformar-se em ouro. Nesses momentos, há que continuar a negociar fortemente pois o investidor está a fazer uma perfeita leitura do mercado e, até que o estado de graça termine, há que tentar aproveitá-lo ao máximo. Noutras alturas, o investidor está completamente em baixo, falhando negócios atrás de negócios. Nessa altura, a solução é parar pois, psicologicamente, a sua fragilidade momentânea faz com que as probabilidades de insucesso sejam enormes.
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